A Princesa
Ai portas do meu silêncio.
Ai vidros da minha voz.
Ai cristais da minha ausência
da terra dos meus avós
desatavam-se em soluçosos
seus cabelos desfeitos.(...)
O Rei
Dizei-me magos oragos
anões duendes profetas
adivinhos e jograis
sagas videntes poetas
como hei-de secar o pranto
daqueles olhos de rio
como hei-de calar os ais
daquela boca de estio
como hei-de quebrar o encanto
que numa tarde de pedra
talhada pela tristeza
selou com dedos de chumbo
o sorriso da princesa
que suspira pela neve
da ponta do fim do mundo.»
Ary dos Santos