Hoje voltei a tentar que uses sem estranhar o açaime, porque queria viajar contigo de comboio este fim de semana. Obviamente que não quiseste e com muita luta conseguiste tirá-lo.
Em Praga vi muitos cães com açaime (...e sem ele, é verdade) a viajar tanto no metro como também no autocarro, eléctrico e comboio. A atitude dos donos era de serenidade e confiança, não vi um único cão extasiado com a liberdade de andar junto ao dono sem trela. A educação vem no curso do civismo, da atitude mental que se tem perante a vida, nomeadamente a vida em sociedade.
Quando passeio o Açor sinto a tensão e tortura no meu rosto sempre que alguém se aproxima. No verão houve um episódio horrível em que um homem quis apedrejar o tontinho do Açor quando ele o foi cheirar. Disse que o despedaçava. Acho incrível essa vida de merda, sempre com medo de tudo e de todos, com pavor que o descontrolo e a natureza ganhem terreno. Fica-se psicótico a pensar no conforto, no futuro, nos bens que faltam e esquece-se - por completo - de repensar se tudo isto faz sentido... e que sentido tem se fizer.
Falta-me Praga, falta-me desaprender Lisboa, viver e conquistar a voz que me pertence.